quinta-feira, 21 de abril de 2022

Dois caciques ao burro e o burro no chão

Onde se fala da ministra da Agricultura e de um ex-secretário de Estado do seu ministério; dois caciques numa mesma onda de conversas e silêncios que só faziam sentido num país amordaçado e rendido à estupidez humana.


O projecto falhado do Centro de Excelência para a Agricultura e Agroindústria já mereceu comentários da Senhora Ministra da Agricultura que, em declarações à Agência LUSA, falou em nome do presidente do INIAVE. Maria do Céu Antunes, a cacique, para utilizar o epíteto que Henrique Estrada lhe dedicava nos seus textos, veio a público para não dizer nada do que se esperava de uma Ministra da República; o único objectivo foi salvar o presidente do INIAVE que, assim, pode continuar escondido na sua toca sem ter que dar contas da sua incompetência na gestão deste projecto que obrigou os autarcas da região a pedirem o afastamento do projecto do senhor Nuno Canada. Os cerca de 6 milhões de euros que ficaram por investir na região são “pineres”, para utilizar um palavrão que ficou no dicionário do calão português depois do treinador de futebol, Jorge Jesus, ter elevado a asneira a bandeira do Benfica e do Sporting.

O texto ficaria coxo se não tivéssemos também umas palavras para o senhor vereador do Partido Socialista na Câmara de Santarém, actualmente com o pelouro da Agricultura, que foi secretário de Estado da Agricultura desde Outubro de 2019 até Dezembro de 2020. Nuno Russo recusou-se a falar deste assunto com O MIRANTE, e na reunião de Câmara de Santarém, onde ouviu um aceso debate, ficou calado que nem um muro de betão. Nuno Russo pode ser o candidato do PS à presidência da câmara nas próximas eleições autárquicas se as profecias socialistas derem certo. É desta gente que se faz a vida política em Portugal. Falta dar uma informação que me parece ainda mais relevante para percebermos o sentido do silêncio estrondoso de Nuno Russo: o cacique escalabitano possui um MBA em Administração Pública. Faz toda a diferença ter políticos no activo com MBA’s, doutoramentos e experiências em cargos públicos, como é o caso. Quanto mais sabem, ou julgam saber, mais calam.

A entrevista que publicamos nesta edição com a ex-reitora da Universidade de Évora, realizada há cerca de um ano, espelha bem o nível dos dirigentes com quem podemos contar para o futuro. Perder um financiamento comunitário de cerca de 6 milhões de euros não aquece nem arrefece o ânimo de alguma gente que nos governa e que dirige as nossas instituições.

Há um ano, quando conquistamos esta entrevista, já todos sabíamos que o projecto era um aborto. Por isso a entrevista e o desabafo da então Reitora da Universidade de Évora ficou no computador à espera que os parceiros de proximidade dessem nas vistas. Debalde. Para não variar, quem estava a manobrar os cordelinhos do Centro de Excelência para a Fonte Boa não era a Nersant, nem os Politécnicos, nem Jesus Cristo: era um presidente de um instituto público com toca em Oeiras. E assim vamos em tempos de pandemia e de guerra na Ucrânia, o maior ataque desde a segunda guerra mundial à burrice e falta de carácter dos líderes da Europa. JAE.

Sem comentários:

Enviar um comentário