quinta-feira, 7 de abril de 2022

O segredo da aba do casaco de Nuno Canada, presidente do INIAV

Nuno Canada desprezou a liderança de um projecto para a região que pretendia criar, com 6 milhões de fundos comunitários já aprovados, um Centro de Excelência para a Agricultura e Agroindústria. Os autarcas já deram um murro na mesa mas este assunto não deveria deixar escapar um amplo debate entre as forças vivas da região já que este falhanço não foi só a derrota dos autarcas; foi também o desaire de um conjunto de entidades envolvidas entre as quais os dois politécnicos da região, a Nersant e as universidades de Évora e Lisboa. 


Os autarcas da Lezíria do Tejo deram finalmente um murro na mesa e contestaram o trabalho político de Nuno Canada, presidente do conselho directivo do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I. P.  (INIAV) desde 2013.

Tal como O MIRANTE noticiou o INIAV deixou escapar todos os prazos para a execução de um projecto inovador para as instalações da Estação Zootécnica Nacional Quinta da Fonte Boa, no Vale de Santarém, que, apesar de ser quase uma cidade dentro da cidade, é uma estrutura cada vez mais decadente, embora pólo de desenvolvimento do Instituto Público sediado em Oeiras.

Depois de O MIRANTE ter descoberto que o INIAV deixou passar todos os prazos para garantir cerca de 6 milhões de euros dos fundos comunitários para o projecto da criação de um Centro de Excelência para a Agricultura e Agroindústria, Pedro Ribeiro e Ricardo Goncalves, acompanhados por António Torres,  secretário executivo da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo, vieram a público defender a demissão de Nuno Canada e apelar ao Governo que transfira a liderança do projecto para os autarcas da região que, por unanimidade, aceitaram contestar a incompetência da direcção do INIAV que prejudicou inapelavelmente a região e os seus interesses a médio e longo prazo.

Agora que não resta mais que chorar em cima do dinheiro perdido dos fundos comunitários, os autarcas querem a liderança do projecto para promoverem nova candidatura para o próximo quadro comunitário que decorrerá até 2030. Caso para dizer que vale mais tarde que nunca. Mas este assunto não deveria deixar escapar um amplo debate entre as forças vivas da região já que este projecto não foi só a derrota dos autarcas; foi também o desaire de um conjunto de entidades envolvidas entre as quais os dois politécnicos da região, a Nersant e as universidades de Évora e Lisboa.

Antes de ser pública a falência do projecto e a perda dos 6 milhões de fundos comunitários que poderiam dar nova vida à Estação Zootécnica Nacional, Nuno Canada ignorou todos os pedidos de O MIRANTE para esclarecer as razões do falhanço do projecto. Nem depois das nossas notícias, e da tomada de posição dos autarcas, Nuno Canada apareceu para se justificar ou dar uma palavra aos autarcas eleitos pela população da região da Lezíria do Tejo.

Numa democracia onde os presidentes dos institutos públicos se sentissem responsabilizados a atitude de Nuno Canada merecia uma exoneração com justa causa. A decisão cabe à ministra da Agricultura e depois dela ao primeiro-ministro António Costa. Sabendo como as coisas funcionam em Portugal, Nuno Canada vai ficar mais dez anos à frente do INIAV a fazer o que muito bem lhe apetece e a falar só com os amigos e conhecidos que sabem exactamente qual é a aba do casaco que lhe devem puxar para o arrastar para os projectos que mais lhes interessam. Para já o Ribatejo fica no fim do mundo e a Fonte Boa pode continuar a ser uma cidade fantasma onde as ruínas, um dia, vão contar as desgraças dos governantes que nos calharam em sorte. JAE.

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