quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

A bica no Senhor Armando


Há um pequeno café no mercado municipal da Chamusca onde regularmente vou beber um café para matar o vício. É o único lugar no mundo onde alguém consegue servir-me uma bica como eu gosto: chávena curta, escaldada e com o café bem forte. Para não deixar a informação incompleta devo dizer que das três pessoas que servem café ao balcão só a bica tirada pelo Beny é que me satisfaz. Quando não é ele a tirar o café a chávena há-de vir cheia demais, ou fria, e lá se vai o meu prazer de beber um café como eu gosto.
Este assunto não tinha importância nenhuma se eu não desse tanta importância à forma como sou atendido ao balcão de um café, seja na Chamusca, em Santarém ou em Vila Franca de Xira, lugares onde regularmente tomo entre cinco a seis bicas por dia. Quando estou bem disposto para reclamar, e depois de pedir uma italiana escaldada e de me servirem um balde de café morno, protesto e, regra geral, servem-me outra bica. Mas, na maioria das vezes, naquele espaço de tempo entre a reclamação e o momento de o novo grão correr liquido para a nova chávena, passam-se mil coisas e o segundo café ainda vem mais mal tirado que o primeiro.
Se um dia passarem pela Chamusca perguntem onde é o café do Senhor Armando e peçam uma bica ao Beny. Se gostam de um café como eu gosto sentirão a diferença. E ficam a perceber melhor como fico indignado com aquelas pessoas a quem pedimos uma italiana escaldada e depois nos servem uma balde de água choca como se nos estivessem a fazer um favor. E como uma bica mal tirada, por um/a sacana qualquer, tem assim tanta importância principalmente quando a pedimos a meio da manhã ainda o nosso dia de trabalho está a começar.

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