quarta-feira, 5 de maio de 2010

Portugal é uma azinhaga

O jornal diário “i”, do Grupo Lena, caiu recentemente que nem uma casa de cimento construída em cima de terra movediça. Ninguém tem dúvidas que o jornal foi uma encomenda para fazer frente no mercado aos jornais que são assumidamente contra-poder. Só que o Grupo, gerido por homens que sabem muito de construção civil e obras públicas e quase nada de comunicação social, entregaram o projecto a um jornalista que, pelo nome e pelo currículo, jamais aceitaria editar um jornal à medida de certos interesses. António Barroca e companhia, quando se meteram nesta aventura, só tinham a experiência de gestão de jornais locais e regionais. E aí, nesse terreno, é o que todos sabemos; compram jornais como quem compra lotes de terreno e depois investem apenas o suficiente para que o título não morra. Uma miséria de negócio e de produto que empobrece as comunidades, que deixa mal o país da Europa em que vivemos, que é de caras uma espécie de investimento encomendado em troca das obras de alcatrão e cimento. E é, ainda, uma heresia se compararmos com o grau da exigência do Grupo Lena a outros níveis. Comprar jornais locais e regionais para que eles não morram e depois fazer deles folhas de couve, geridas por curiosos ou por jornalistas que são obrigados a terem dois empregos, é obra de empresários tacanhos e com vistas curtas. E, pelo que sabemos, não é essa a realidade na administração do Grupo Lena na generalidade dos seus negócios. Nos jornais locais e regionais, e agora no “i”, está provada a incompetência. Resta saber se a administração do Grupo, onde pontifica António Barroca, tem coragem para mudar para o sector da construção civil os trolhas que tem a gerir o sector da comunicação social.

Portugal é uma azinhaga para algumas pessoas que enriqueceram facilmente à custa do Estado. Não vale a pena explicar as razões sem ser com bons exemplos. Este caso do insucesso do “i” e o facto do Grupo Lena dizer à boca cheia que é líder na imprensa regional é um bom exemplo; todos os jornais que o Grupo comprou em Portugal nos últimos anos foram oferecidos a meio mundo antes deles os comprarem. E, depois da compra, quase todos ficaram editorialmente ainda mais pobres do que já eram. A diferença é que passaram a ter quem os sustente. É preciso explicar mais e melhor como é que tudo isto ainda funciona no nosso país que alguns continuam a entender que não passa de uma azinhaga?

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