quinta-feira, 14 de julho de 2022

O meu herói é o presidente da ANACOM

O trabalho que João Cadete de Matos tem dado aos donos das operadoras de comunicações é digno de registo e não tem paralelo noutras instituições do Estado que fazem o escrutínio das empresas que têm a obrigação de tratar os contribuintes com justiça e equidade. 

Um homem quando chega a velho fica mais sensível à coragem daqueles que enfrentam os interesses instalados de peito aberto sem medo de represálias. O que diferencia os homens uns dos outros pela positiva é exactamente a coragem de tomar decisões e de não dormirem na forma em nome dos interesses daqueles que não têm como defender-se da sociedade capitalista que domina o sistema, dos políticos preguiçosos, analfabetos, muitas vezes trouxas e corruptos.

O trabalho que João Cadete de Matos tem dado aos donos das operadoras de comunicações é digno de registo e não tem paralelo, que eu saiba, noutras instituições do Estado que fazem o escrutínio das empresas que têm a obrigação de tratar os contribuintes com justiça e equidade. Como consumidor de telecomunicações sei bem os abusos de que sou vítima cada vez que tenho de fazer uma assinatura de um serviço ou preciso de alterar as condições do meu contrato. Cada vez que preciso de apoio sei bem as dificuldades que tenho de ultrapassar até as operadoras cumprirem a sua obrigação.

As pressões políticas e empresariais que João Cadete de Matos sofre desde que resolveu enfrentar os interesses instalados das empresas de comunicações está bem patente nos estudos agora divulgados que mostram um país com várias realidades ao nível da prestação de serviços. Desde que a guerra começou que os presidentes das empresas líderes de mercado deram entrevistas atrás de entrevistas, clamaram pela demissão de Cadete de Matos, argumentaram até à exaustão que Portugal era um país da cauda da Europa e que com este tipo de escrutínio do Regulador o país ia ficar pelo caminho ao nível das comunicações dos novos tempos.

Com o apoio do Governo, nomeadamente do primeiro-ministro António Costa, João Cadete de Matos tem-se mantido firme e sereno ao leme da ANACOM e, com o passar do tempo, tudo indica que vai conseguir os seus objectivos: fazer com que os clientes das operadoras, que somos todos nós, não voltemos a ser vítimas de abuso comercial, do controle de mercado, dos preços combinados entre operadoras. Mais importante que tudo, João Cadete de Matos está a contribuir para que os portugueses do Sardoal ou de Abrantes, de Coruche ou da Sertã, não sejam de segunda em comparação com aqueles que vivem em Lisboa ou na Linha de Sintra.

Até há bem pouco tempo os reguladores da banca governavam o Sistema recebendo e acreditando naquilo que os banqueiros lhes transmitiam. Foi por isso que José Sócrates nacionalizou o BPN, com as consequências que todos conhecemos, e mais tarde o BES se tornou aquilo que todos conhecemos: o maior escândalo financeiro do século que envolveu a nata política e financeira do país.

Portugal precisa de mais administradores da coisa pública com a fibra de um Cadete de Matos. Para mim é um herói. Num país em que os deputados da Nação têm vários empregos, são donos em nome das mulheres e dos filhos de empresas que fazem negócios com o Estado e com as autarquias, João Cadete de Matos é um nome que todos devemos conhecer e respeitar. JAE.

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