O desenvolvimento numa parte da região centro faz-se por uma ponte de ferro inaugurada em 1908: e o último grande investimento do Governo na região ribatejana foi há 24 anos com a construção da Ponte Salgueiro Maia para aliviar a Ponte D. Luís que foi inaugurada em 1881.
"Caro cliente a sua encomenda foi expedida, pode seguir o seu rasto aqui". Sua recente condenação em tribunal poderá ser contestada desde que peça ajuda neste sítio...". Você tem direito a uma parte de uma doação que foi deixada por....". "Há fotos a circular na internet onde você aparece em situação que pode gerar escândalo. Se quiser que as fotos desapareçam faça uma transferência de 10 mil euros....". Este tipo de mensagens é recorrente na minha caixa de correio, em Spam, e há outras ainda mais bem elaboradas que apago na hora e em catadupa.
Resolvi falar do assunto porque voltou a aparecer nos reels do facebook uma entrevista de Daniel Oliveira a Teresa Guilherme com texto falso, à medida dos interesses habilidosos de um sítio de jogos de azar.
Decerto que para a maioria dos leitores desta coluna o correio enganoso e os textos na internet, a vender gato por lebre, são de fácil identificação. Mas num país em que as pessoas ficam perturbadas e doentes com as várias horas de imagens de guerra na televisão, de violência, de fogos e de outros desastres naturais, como é que conseguem discernimento para responderem com confiança e sem alarmes a estas ameaças que chegam pela internet?
Portugal tem uma Entidade Reguladora para a Comunicação Social que não funciona, como aliás é norma na grande maioria das entidades reguladoras, ainda mais importantes para o bom funcionamento da democracia. Neste caso estamos entregues a um organismo cheio de problemas com falta de recursos humanos, sem uma dinâmica de trabalho credível e de acordo com a força do sector da comunicação social, nomeadamente ao nível das televisões e dos sítios que controlam as redes sociais e fazem valer o seu poder.
Lisboa é a capital europeia onde estão a ser construídos mais novos hotéis. Esta semana a câmara de Lisboa pôs a circular informação que o turismo precisa de ser descentralizado dentro da cidade. Nada mais verdadeiro para quem conhece a realidade. Mas isto não é de loucos? A câmara de Lisboa vai limitar a circulação dos turistas e escolher a hora em que cada um quer subir e descer o Chiado e as ruas da freguesia de Santa Maria Maior. Enquanto isso os Tuk Tuk são às centenas mal estacionados, as trotinetas circulam sem respeito pela segurança dos peões, mais os milhares de bicicletas dos entregadores de comida que, na sua grande maioria, não respeitam as regras de circulação.
Os condutores de TVDE trouxeram uma nova realidade para quem circula em Lisboa. Param onde o cliente os espera, ou onde o cliente os manda parar. Regra geral é no meio da estrada, na curva, em cima das passadeiras, quase sem excepção. E os que conduzem pela cidade à procura de clientes são arrogantes, usam a buzina por tudo e por nada; Lisboa regrediu um século ao nível do civismo e do respeito.
Não falo aqui de Lisboa por acaso. Ricardo Gonçalves recordou recentemente que o Governo não investe na região ribatejana há mais de 30 anos. A Ponte Salgueiro Maia foi o último investimento de respeito para substituir a ponte D. Luís inaugurada em 1881. A região ribatejana ainda apanha a área metropolitana de Lisboa. Devido à A1 estamos tão próximos em tempo de viagem de Lisboa como Braga do Porto. Mas até Vila Franca de Xira é um concelho enjeitado pelas promessas do Governo; veja-se o que se passa com o edifício do Tribunal e com as escolas. Outro caso criminoso: a Chamusca deu o ouro ao bandido, ou seja, deu o terreno para os resíduos perigosos que ninguém quis dar. Mais de 25 anos depois da inauguração do Parque do Relvão o desenvolvimento de uma boa parte do território da região centro, no século XXI da graça de Deus, é sustentado por uma ponte de ferro inaugurada em 1909 graças a um benemérito chamado João Joaquim Isidro dos Reis. Enquanto em Lisboa os hotéis continuam a crescer, as esplanadas dos restaurantes tomaram conta da Rua Augusta e ruas adjacentes, a partir de Vila Franca de Xira até Coimbra a região vive dos Templários e de Fátima, a nossa Senhora dos pobres. E o mais curioso é que os nossos líderes políticos regionais enfiam a viola no saco; os do PS contentam-se em fazerem parte da corte e do negócio e os do PSD em serem parte do negócio e da corte. Não meto todos no mesmo saco, mas as excepções são tão poucas que hoje julgo a parte pelo todo sem sentir que estou a ser injusto. JAE