quinta-feira, 29 de agosto de 2024

A Chamusca deu o ouro ao bandido e a Ponte Salgueiro Maia é a excepção

O desenvolvimento numa parte da região centro faz-se por uma ponte de ferro inaugurada em 1908: e o último grande investimento do Governo na região ribatejana foi há 24 anos com a construção da Ponte Salgueiro Maia para aliviar a Ponte D. Luís que foi inaugurada em 1881.


 "Caro cliente a sua encomenda foi expedida, pode seguir o seu rasto aqui". Sua recente condenação em tribunal poderá ser contestada desde que peça ajuda neste sítio...". Você tem direito a uma parte de uma doação que foi deixada por....". "Há fotos a circular na internet onde você aparece em situação que pode gerar escândalo. Se quiser que as fotos desapareçam faça uma transferência de 10 mil euros....". Este tipo de mensagens é recorrente na minha caixa de correio, em Spam, e há outras ainda mais bem elaboradas que apago na hora e em catadupa.

Resolvi falar do assunto porque voltou a aparecer nos reels do facebook uma entrevista de Daniel Oliveira a Teresa Guilherme com texto falso, à medida dos interesses habilidosos de um sítio de jogos de azar. 

Decerto que para a maioria dos leitores desta coluna o correio enganoso e os textos na internet, a vender gato por lebre, são de fácil identificação. Mas num país em que as pessoas ficam perturbadas e doentes com as várias horas de imagens de guerra na televisão, de violência, de fogos e de outros desastres naturais, como é que conseguem discernimento para responderem com confiança e sem alarmes a estas ameaças que chegam pela internet?

Portugal tem uma Entidade Reguladora para a Comunicação Social que não funciona, como aliás é norma na grande maioria das entidades reguladoras, ainda mais importantes para o bom funcionamento da democracia. Neste caso estamos entregues a um organismo cheio de problemas com falta de recursos humanos, sem uma dinâmica de trabalho credível e de acordo com a força do sector da comunicação social, nomeadamente ao nível das televisões e dos sítios que controlam as redes sociais e fazem valer o seu poder.

Lisboa é a capital europeia onde estão a ser construídos mais novos hotéis. Esta semana a câmara de Lisboa pôs a circular informação que o turismo precisa de ser descentralizado dentro da cidade. Nada mais verdadeiro para quem conhece a realidade. Mas isto não é de loucos? A câmara de Lisboa vai limitar a circulação dos turistas e escolher a hora em que cada um quer subir e descer o Chiado e as ruas da freguesia de Santa Maria Maior. Enquanto isso os Tuk Tuk são às centenas mal estacionados, as trotinetas circulam sem respeito pela segurança dos peões, mais os milhares de bicicletas dos entregadores de comida que, na sua grande maioria, não respeitam as regras de circulação.

Os condutores de TVDE trouxeram uma nova realidade para quem circula em Lisboa. Param onde o cliente os espera, ou onde o cliente os manda parar. Regra geral é no meio da estrada, na curva, em cima das passadeiras, quase sem excepção. E os que conduzem pela cidade à procura de clientes são arrogantes, usam a buzina por tudo e por nada; Lisboa regrediu um século ao nível do civismo e do respeito.

Não falo aqui de Lisboa por acaso. Ricardo Gonçalves recordou recentemente que o Governo não investe na região ribatejana há mais de 30 anos. A Ponte Salgueiro Maia foi o último investimento de respeito para substituir a ponte D. Luís inaugurada em 1881. A região ribatejana ainda apanha a área metropolitana de Lisboa. Devido à A1 estamos tão próximos em tempo de viagem de Lisboa como Braga do Porto. Mas até Vila Franca de Xira é um concelho enjeitado pelas promessas do Governo; veja-se o que se passa com o edifício do Tribunal e com as escolas. Outro caso criminoso: a Chamusca deu o ouro ao bandido, ou seja, deu o terreno para os resíduos perigosos que ninguém quis dar. Mais de 25 anos depois da inauguração do Parque do Relvão o desenvolvimento de uma boa parte do território da região centro, no século XXI da graça de Deus, é sustentado por uma ponte de ferro inaugurada em 1909 graças a um benemérito chamado João Joaquim Isidro dos Reis. Enquanto em Lisboa os hotéis continuam a crescer, as esplanadas dos restaurantes tomaram conta da Rua Augusta e ruas adjacentes, a partir de Vila Franca de Xira até Coimbra a região vive dos Templários e de Fátima, a nossa Senhora dos pobres. E o mais curioso é que os nossos líderes políticos regionais enfiam a viola no saco; os do PS contentam-se em fazerem parte da corte e do negócio e os do PSD em serem parte do negócio e da corte. Não meto todos no mesmo saco, mas as excepções são tão poucas que hoje julgo a parte pelo todo sem sentir que estou a ser injusto. JAE

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Os mestres da fraude e sangue e dinheiro

A França é um dos países mais democráticos do mundo onde a cidadania dá cartas. Nem por isso a corrupção deixa de ser um flagelo tal como em Portugal. A diferença é que uma década depois dos acontecimentos já podemos escrutinar os ladrões em acção, em filmes e séries bem produzidas.

França é o país mais democrático do mundo, ou um dos mais democráticos, onde se geraram as revoltas sociais que nas últimas décadas têm feito girar, com mais velocidade, a terra à volta da lua. A mais marcante dos nossos tempos foi o Maio de 1968, e a última foi a dos coletes amarelos, coisas diferentes mas que mostram a dinâmica da sociedade francesa. Nem por isso há muito menos corrupção que noutros países desenvolvidos. O caso do imposto do carbono é um bom exemplo que espelha a fragilidade dos governos ditos de esquerda, socialistas ou social-democratas. A fraude terá custado aos cofres franceses mais de 5 mil milhões de euros, e tudo se deveu ao facilitismo que os políticos franceses proporcionaram aos mestres da fraude. Fraudes e corrupção também é com Portugal. Mas há uma diferença significativa. A do carbono foi em 2009 e já deu pelos menos um filme em 2021, e uma série com 12 episódios disponíveis na Filmin que mostram bem como o poder político tem pés de barro. Também já foram julgados e presos alguns dos empresários corruptos, mas muitos fugiram do país e jamais pagarão pelos seus crimes.

Em Portugal há muitos livros e reportagens publicadas sobre a queda do BES, a falência do Banif, a Operação Marquês, os favores da Banca a empresários manhosos, enfim, só para ficarmos com os números mais recentes da miséria humana, desde 2017 até Maio de 2013 havia cerca de 190 políticos portugueses a braços com a Justiça.

A diferença entre França e Portugal é a forma como a justiça funciona, lá é muito mais célere, assim como é diferente para muito melhor a atenção que os produtores de cinema e televisão dão aos mestres da fraude, os mestres que acham que o Estado português não tem salvação. O caso recente do dinheiro encontrado na estante do chefe de gabinete de António Costa é um bom exemplo. A classe política portuguesa está toda em causa quando foge deste debate e não promove o funcionamento da Justiça para que saibamos, rapidamente, como é que se movimenta tanto dinheiro vivo nas barbas de quem manda nisto tudo.

Cada partido da oposição, com a ajuda das associações de cidadãos, devia falar e discutir, dia sim, dia sim, como o Estado compromete o funcionamento da Justiça ao permitir, em interesse próprio, que os tribunais administrativos demorem mais de duas décadas a resolverem a maioria dos processos, onde o próprio Estado tem interesses. A grande maioria destes processos acabam só depois das pessoas morrerem, ou desistirem pelo cansaço, pela descrença no Sistema, por falta de dinheiro para pagarem aos advogados, etc, etc.

É ridículo votar numa classe política que não se deixa escrutinar quando estão todos a defender os milhões de financiamento às suas organizações, quando todos fazem tábua rasa de questões ligadas à reforma das instituições mais importantes para a democracia. JAE.

quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Os rios também correm para a morte

Durante três horas andei cerca de três quilómetros ao lado de um aqueduto secular que em tempos levava a água da nascente do Alviela para matar a sede à população de Lisboa; e vi à luz do luar como no rio Alviela corre uma água cristalina, embora seja fácil concluir que os rios também correm para a morte.

Sou jornalista mas não sou parvo. Por isso procuro, em função da minha vontade de viver mais uns anos com alguma qualidade de vida, empenhar-me no meu trabalho sem fazer futurologia. Em vez de ficar a ler todos os jornais e revistas e textos literários e de viagens que me chegam de todos os endereços do mundo, vou caminhar, nadar, andar de bicicleta ou de mota, ver cinema e teatro, visitar livrarias como se visita, ou visitava, a casa da avó.

Esta semana fui caminhar de noite por caminhos do Alviela à procura de ver a chuva de estrelas, mas de verdade só vi mesmo as estrelas no céu e viajei enquanto durou a caminhada e a meia hora em que estive deitado na terra a admirar a beleza do firmamento. Como para ver não é preciso estar de boca fechada, troquei conversa com pessoas que vivem na minha aldeia global e fiquei a saber que Casével, no concelho de Santarém, deve ser a única aldeia no mundo que antes de ter um projecto para a instalação de saneamento básico tem um projecto para um aeroporto internacional; e que ali bem pertinho as casas de São Vicente do Paul não têm número de porta mas os carteiros conseguem distribuir, sem problemas, o correio entre uma população que deve chegar às mil pessoas. 

Durante três horas andei cerca de três quilómetros ao lado de um aqueduto secular que em tempos levava a água da nascente do Alviela para matar a sede à população de Lisboa; e vi à luz do luar como no rio Alviela corre uma água cristalina até chegar ao território onde as fábricas e as indústrias usam e abusam das virtudes da mãe natureza. Caso para dizer que os rios também correm para a morte.

Os Olhos de D`água na Louriceira, Alcanena, são um pequeno paraíso para quem sabe, da experiência da vida vivida, notar as diferenças entre viver nas cidades atulhadas de carros e de poluição, e num território onde partilhamos os caminhos com os pastores e os rebanhos, podemos dormir ou simplesmente ficar a noite ao relento, deixar o carro à porta de casa, parar no meio da rua para ver o nascer ou o pôr do sol, mas também a chuva de estrelas mesmo que só vejamos as luzes dos aviões que tomaram conta das estradas do céu.

Escrever é como correr. Não é como mijar.

O verão é sempre boa altura para recomendar livros novos. Miguel Esteves Cardoso acabou de lançar um livro para quem gosta de escrever e não sabe como alimentar o fogo da escrita. "Como Escrever" é uma viagem com o autor como nunca foi possível nos seus livros anteriores, nem tão pouco nas suas crónicas diárias no jornal Público. O livro não é recomendado para quem não acha, como Miguel Esteves Cardoso, que "escrever é o nosso melhor meio de expressão". Também não se recomenda a pessoas que não entendem porque é que "escrever é um falar melhorado. Um falar em que temos tempo para pensar. E tempo para procurar as palavras apropriadas. E tempo para organizá-las de forma a dizer melhor o que têm para dizer". "Escrever é indiscutivelmente a melhor forma de expressão. E a mais respeitada e, logo, a que mais resultados obtém". "Corte o mal pela raíz: aprenda a escrever". Ora aqui está um livro surpreendente, escrito por alguém que é, talvez,  o melhor de todos nós a escrever, embora seja também aquele que mais deve conhecer os defeitos de quem faz tudo para alimentar a preguiça de escrever. "Escrever é como correr. Não é como mijar. E, no entanto, os principiantes escrevem como mijam: quando lhes apetece. Esperam que a vontade de escrever se torne avassaladora e depois escrevem, pressionados pela pressa de desabafar. Confundem a inspiração com a pressão da bexiga". Um livro imperdível para quem gosta do MEC e não quer morrer estúpido. JAE .

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

As curandeiras, bruxas e aprendizes de feiticeiros

O mal de inveja é um dos trabalhos mais solicitados nas consultas das bruxas; elas têm que acudir a mulheres que são traídas, cornudos mansos, gente endividada e clientes que sofrem de mau olhado.

Confesso que tenho simpatia pelas bruxas e curandeiras embora por motivos diferentes. Mas há um que é comum às duas artes que faz com que tenha interesse e goste de ir sabendo novas e mandadas do demónio: falo do jeito que bruxas e curandeiras têm para adivinhar que parte do nosso corpo é mais doente que fraco é o nosso cérebro. Jamais as bruxas governavam a vida se os nossos cérebros não estivessem, em muitos casos, em estágio na idade média. São, no entanto, as doenças mais modernas, que nos trazem a morte lenta, que alimentam a arte do demónio que bruxas e curandeiras tão bem sabem desempenhar.

O mal de inveja é um dos trabalhos mais solicitados nas consultas das bruxas; elas têm que acudir a mulheres que são traídas, cornudos mansos, gente endividada, clientes que sofrem de mau olhado, tudo problemas reais que as personalidades fracas, que não conseguem olhar o sol de frente, acham que conseguem resolver consultando as feiticeiras que, na maioria dos casos, só sabem contar dinheiro. Também há casos irreversíveis de pessoas que já nasceram com a massa cerebral grossa demais, e em vez de irem nadar no Tejo ou correr para o meio dos sobreiros para amaciarem a coisa, resolvem brigar com os pais, filhos, amigos, namorados, companheiros de trabalho, vizinhos, etc etc, e assim envenenarem a sua vida e a dos que lhe estão próximos. Nada do que escrevi até agora justifica o que deu origem a esta crónica que é o quanto gosto das bruxas. A minha última experiência foi numa feira medieval a ver uma bruxa transmitir oralmente o que designava cada runa que os clientes tiravam de um caldeirão. Dizem que a prática tem mais de três mil anos e foi retomada na idade média. Durante três horas em que vadiei por uma feira cujo recinto tinha mais de vinte mil pessoas, a fila para a Curandeira tinha sempre entre três a quatro dezenas de pessoas. Ouvi algumas gargalhadas sonoras e vi alguns rostos incrédulos. Mas tudo aquilo me fascinou porque é um artista a brincar com as palavras e com a fé dos outros, um artista devidamente caracterizado num palco a fazer jus a uma frase de Fernando Pessoa que bem pode ser adaptada a este caso: a bruxaria existe porque a vida não chega.

Para não pensarem que falo de cor... também fui à bruxa duas vezes; daquelas visitas a sério em que temos que temer pela nossa saúde mental, ou então a consulta não merece o preço que pagamos. Os resultados foram diferentes, mas podem ser explicados numa frase curta; se a bruxa te convenceu... tens que lá voltar até ficares curado do teu fraco entendimento da vida.

Conheço muita gente que atribui os seus azares às pragas, ao mau olhado, às armadilhas da inveja, aos agouros, e não posso terminar esta crónica sem dizer que ouço estas queixas desde a minha infância, na altura às mulheres que ripavam camisas de milho no palheiro do José Pedro Guilherme, na Chamusca, e algumas choravam porque na noite anterior o diabo do marido tinha levado para casa o demónio em forma de barril de vinho. Também já me rogaram pragas, enviaram cartas anónimas com pozinhos de perlimpimpim, trouxeram recados de consultas partilhadas levando o meu nome e data de nascimento; já me leram a mão e deitaram as cartas e, na maioria dos casos, quase que me deixei apaixonar pelo prazer de falarem de mim sem saberem quem eu era e sou.

Fica aqui um texto que guardo no computador que roubei das redes sociais a uma bruxa que vive como uma bruxa e que conheci por ser gerente de um alojamento local. E é o texto que me faz gostar de bruxas, coisa que dificilmente conseguiria explicar por palavras minhas.


ENCONTRA UMA BRUXA. Bruxas são mulheres sensuais, que não têm medo de demonstrar os seus sentimentos, não seguram a sua gargalhada, nem as suas lágrimas. Sentem 100% tudo ao seu redor, por isso são confusas e consideradas muitas vezes doidinhas. Elas demonstram no seu cabelo a sua liberdade, expressam a sua magia nos seus colares de pedras e cristais, amuletos especiais e tatuagens.

Podes encontrar uma Bruxa no supermercado, no corredor dos temperos, experimentando ervas soltas, mas também no corredor dos chocolates. Podes encontrar uma Bruxa na rua, distraída com o céu, a tirar uma foto do Sol, a tocar numa árvore com gentileza, conversando com um cão ou gato e até simplesmente respirando fundo. Podes encontrar uma Bruxa no shopping, toda arrumada e de preto, com os seus acessórios diferentes, com a sua cara séria, mas que sorri com facilidade. Distraída na loja do ocultismo ou mesmo na livraria.

Podes vê-la quando estás com amigos, em alguma festa, na escola quando vais buscar os teus filhos, e até mesmo no jardim quando vais passear o teu cão. Podem vestir farda e até terem um emprego super normal, mas existe algo nos olhos delas que as denunciam. A maneira como falam, como olham, como mexem no cabelo e até mesmo como sorriem. Encontra uma bruxa e encontrarás uma amiga. É muito fácil reconhecê-las, andam muitas por aí, disso podes ter a certeza. JAE.

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Uma crónica para comunistas e activistas ambientais de Vila Franca de Xira que remete para um artigo de opinião

Macacos me mordam se estou só a escrever para comunistas de cabeça empedernida e activistas que são contra as touradas mas não sabem nem querem saber que em Portugal há um milhão de cães na rua abandonados pelos donos. 


A almofada da cama e a areia da praia são os melhores suportes para pousar a cabeça e ler um livro. Roubando tempo ao sono diário e mergulhos no mar, já que tenho o privilégio de ter cama e praia todos os dias do ano, ou quase, leio e percebo cada vez mais que há coisas na vida que só entram pelos olhos dentro quando se atinge uma certa idade.

Com a autoridade de leitor que pode adiar a leitura de um livro até ao último dia de vida, só agora estou a ler Vale Abraão, um dos melhores livros de Agustina Bessa-Luís que já deu filme, realizado por Manoel de Oliveira, que é bem menos interessante que o livro, como é normalíssimo nas adaptações para cinema de grandes e bons textos literários. Estou rendido e só posso comparar a emoção da leitura ao entusiasmo que sentia ao ouvir o meu avô Manuel Emídio a contar-me as histórias do cancioneiro popular. Hoje sei que esta energia que fica da leitura de um bom livro já me serve para pouca coisa que não seja o deleite da leitura. Dantes brigava com os autores e as personagens dos livros, apontava tudo o que me interessava num caderno, depois de sublinhar os livros como ainda faço hoje de forma exagerada, ou talvez não; de verdade acho que cheguei a um estágio da vida em que me sirvo da leitura dos livros como os ricos se servem do dinheiro: basta-me acumular conhecimento, como os ricos acumulam fortuna, que o resto vai-se resolvendo com o deve e haver do dia-a-dia.

O MIRANTE publica todos os dias matéria editorial que daria pano para mangas quando escrevo para este espaço. Embora a opinião seja importante num jornal, O MIRANTE é mais um jornal de grande informação que procura na notícia, na reportagem e na entrevista cumprir a sua função de serviço público. Mas esta semana não vou deixar passar o artigo de opinião de José Furtado, nesta edição, sobre o futuro aeroporto e a desgraça que vai ser para muitos munícipes do concelho de Vila Franca de Xira, e para o próprio concelho, a quadruplicação da linha ferroviária. Só quem se fingir morto pode ficar quieto e calado ao ler o artigo de José Furtado que bate numa tecla já gasta, mas nem por isso deixa de mostrar à sociedade que a solução de Alverca não pode ser ignorada e desprezada, tendo em conta o desastre que vai ser a quadruplicação da linha e a incógnita do futuro aeroporto de Lisboa em termos de financiamento e de crescimento do fluxo turístico que, a crescer desmesuradamente como todos os agentes turísticos querem, fará Lisboa rebentar pelas costuras.

Desde que o assunto entrou na agenda que O MIRANTE dá espaço aos projectos que estiveram a ser discutidos e analisados, e até a alguns como o de Alverca que ficaram pelo caminho. Por isso mesmo, ao publicarmos o artigo desta semana, gostava de aproveitar para apelar aos autarcas em geral, e aos cidadãos organizados em particular, que não virem a cara para o lado quando é preciso arrepiar caminho. Macacos me mordam se estou só a falar para comunistas de cabeça empedernida e activistas que são contra as touradas mas não sabem nem querem saber que em Portugal há um milhão de cães na rua abandonados pelos donos. JAE.