quarta-feira, 10 de outubro de 2007

O exemplo de António Paiva

Sempre ouvi dizer mal de António Paiva. Eu próprio, que o conheço desde a altura em que era vereador na oposição, não tinha sobre ele uma opinião muito favorável. Achava-o um sujeito esperto e pouco mais. O seu trabalho em Tomar e o percurso que está a fazer provam que não o conhecia bem. É verdade que ele ganhou a presidência da câmara devido às asneiras de Pedro Marques e ao clima de descrédito que se abatia sobre Tomar. Mas, hoje, António Paiva está para a cidade e para o concelho como o União de Tomar estava para o país quando tinha uma equipa de futebol na primeira divisão nacional. É um homem sábio, ou foi ficando sábio, quando ganhou as eleições e soube governar sem se colar a gente duvidosa; sem se meter em negociatas ou abrir negócios em nome de familiares; sem se aproveitar da política para enriquecer que é o que fazem, em muitos casos, os políticos das novas gerações. Dizem que tem um feitio azedo; que gosta de estar sempre do contra; que se fosse mais ambicioso podia ser o líder político de uma grande região em vez de ser o líder natural do Médio Tejo. Não é segredo, para quem o conhece, as suas divergências com a maior parte dos estrategas de algumas das instituições da região. Toda a gente sabe que ele é o grande responsável por a região estar dividida em duas Comunidades Urbanas. Foi ele que iniciou o descalabro do PS na presidência das principais autarquias da região (depois de conquistar Tomar, o PSD conquistou o Entroncamento e Santarém). Foi António Paiva que, ao conquistar a presidência da câmara de Tomar, retirou a hegemonia aos socialistas que dominavam em todas as frentes. Agora resta-lhes uma parte e ninguém sabe por quanto tempo se, por exemplo, os problemas com Paulo Caldas se agravarem e o PSD conseguir, em mais um assalto, uma outra câmara importante.
Ao fim de seis anos de mandato António Paiva já anunciou que não se recandidata. E não tem um delfim para o seu lugar. Aparentemente António Paiva prepara-se para tomar uma atitude de verdadeiro estadista. A sua decisão mostra um desapego ao poder que é de louvar. E que joga a seu favor noutras lutas futuras que queira travar pela liderança de outras instituições da região. E há muito para fazer para além do exercício de presidente de câmara. Com esta atitude António Paiva abre um novo ciclo na política tomarense. Se os candidatos forem os que se adivinham Paiva vai deixar saudades. Mas ficará na verdadeira História do concelho de Tomar.

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