quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Políticos que já foram polícias e parteiros


O Poder Local era o maior orgulho das conquistas do 25 de Abril de 1974. A Lei dos Compromissos veio pôr a nu uma realidade completamente oposta àquela que vivemos nos anos a seguir à revolução. O Poder Local perdeu prestígio e influência. Nalguns casos, ou em muitos casos, perdeu o respeito do povo e do Governo da nação. Caso para dizer, generalizando, que os autarcas na sua grande maioria passaram de bestiais a bestas; de gente ilustre a calhamaços.
Ninguém os ouve; eles próprios não se falam nem se ouvem uns aos outros. As autarquias não têm responsabilidade na situação crítica que o país atravessa. Há autarcas irresponsáveis, manhosos, lunáticos, analfabetos e corruptos. Mas muito poucos fizeram mal ao país. Os bons são uma grande maioria. Sabem defender os interesses das suas populações e, melhor do que isso, sabem investir o dinheiro do orçamento no crescimento das suas terras. Um negócio de um Governo, ou de um ministro, como é o caso do Freeport ou dos submarinos, é mais grave que noventa e nove por cento dos maus negócios dos maus autarcas.
Como é que é possível os autarcas, que na sua grande maioria fazem parte dos partidos do poder, se tenham deixado entalar por este Governo ao ponto de, no meio de todo o esplendor que são os grandes ministérios, onde há milhares de funcionários a ganhar brutos vencimentos sem porem os pés no emprego, as autarquias passarem a instituições miseráveis?
Voltamos ao país envergonhado, com as unhas sujas e com a barba por fazer; ao país que precisa de fechar-se por dentro e correr as cortinas; voltamos à época de servir não quem se respeita mas quem se vê no Poder, como escreveu o Eça.
O país está cheio de políticos que já foram polícias e parteiros, investigadores e contrabandistas. Chega de miséria franciscana.

Estou a chegar a casa depois de uma tarde de praia no areal do Tejo e não vejo a minha rua tão suja como o Largo do Rossio em Lisboa; nem o cheiro a mijo junto ao Pelourinho da minha aldeia se compara com o cheiro a esgoto na Praça do Comércio que depois sobe a Rua do Ouro e ainda se cheira no Chiado.

Se o presidente da Câmara de Ourém tem tantos turistas no Santuário de Fátima como aqueles que se espalham por toda a cidade de Lisboa durante um ano, faz sentido que os lisboetas e os políticos de Lisboa possam mijar pró Tejo e nós aqui nem possamos mijar fora do penico quanto mais para o ribeiro que nasce no meio do mato?

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